Partilha

O que partilhamos?

Esta questão seria irrisória se nos concentrassemos apenas no essencial, em vez de premiar o acessório. Diz a lenda que alguém vivia infeliz e na sua infelicidade decidiu consultar o Grande Mestre do Tempo. Este vivia num Palácio riquissimo, cheio de coisas fabulosas. Ao receber aquele velho infeliz o Mestre, deu-lhe uma colher com duas gotas de azeite e disse-lhe que desse uma volta pelo Palácio que mais tarde o iria receber, mas que de forma alguma as perdesse. O velho temendo deixá-las cair, deambulou pelo palácio durante duas horas até o Mestre o receber. Satisfeito por não ter deixado cair o azeite, o Mestre perguntou:

-Então meu caro amigo, viste o Palácio, viste aqueles quadros luminosos, viste as cascatas das fontes, os peixes coloridos, as árvores de fruto... que dizes dos meus jardins... tiveste tempo de passear e ver tudo isto...

O velho, encolheu-se e respondeu timidamente que nada havia visto. O Mestre, deu-lhe de novo a colher e disse-lhe que fosse admirar tudo isso e voltasse daí a duas horas. O velho infeliz deambulou outras vez pelo castelo e contemplou aquelas maravilhas, voltando muito satisfeito à presença do Mestre. O Mestre, olhou para ele, e disse-lhe:

-Amigo, estás satisfeito... parece que viste tudo aquilo que te falei...

Ele acenou sorrindo. Mas ficou triste ao ver que tinha deixado cair o azeite do Mestre.

-Sabes, tu estás contente, pois, esqueceste por momentos a tuda infelicidade... mas sabes, o caminho para a verdadeira felicidade é puderes saborear tudo aquilo que te rodeia, sem perder as duas gotas de azeite... aí sim, tu poderás ser feliz.

De alguma forma, quantas e quantas vezes não conseguimos arranjar este equilibrio entre aquilo que é o essencial e saborear a beleza do mundo... de alguma forma, também nós vivemos a vida na azáfama de conquistar castelos de areia, de poder cristalizar os nossos sonhos e esquecemos de simplesmente viver a vida como ela é, um dia de cada vez... ou então, vivemos cada dia como se fosse o único, sem alguma vez produzirmos sustentabilidade para os dias seguintes... é deste equilibrio, entre conseguirmos afirmarmos na vida e da saborearmos que podemos ser felizes... como diria alguém, carpe diem... mas não te esqueças que poderá haver um dia seguinte... ou simplesmente, façam o favor de ser felizes.